Vídeos: Caseiro morre em ataque raro de onça-pintada no Pantanal; autoridades alertam contra retaliação a animais
Vítima, de 60 anos, foi encontrada sem vida após buscas na região de Aquidauana (MS); ataques a humanos são excepcionais, com média de 0,94 registros anuais

A morte do caseiro Jorge Avalo, de 60 anos, vítima de um ataque de onça-pintada no Pantanal sul-mato-grossense, chocou moradores da região e reacendeu o debate sobre a coexistência entre humanos e a fauna silvestre. O caso, considerado extremamente raro pelas autoridades, ocorreu em uma propriedade rural de Aquidauana, onde os restos mortais do homem foram localizados por familiares durante buscas na última semana.
Os cunhados de Jorge encontraram seu corpo após seguirem pistas em uma área de mata fechada. No entanto, durante a operação, um dos homens do grupo também foi atacado pela onça ao se aproximar do local onde estavam os restos. Ainda assim, o animal fugiu após ser confrontado pelos presentes, evitando uma tragédia maior.
Ataques são exceção, não regra, reforçam especialistas
Autoridades ambientais e biólogos destacam que episódios como este são estatisticamente incomuns no bioma pantaneiro, onde humanos e animais selvagens dividem o território há séculos. Dados de monitoramento indicam que, em média, apenas 0,94 ataques de onças a pessoas são registrados por ano no Brasil, a maioria associado a situações de defesa do animal ou invasão de seu habitat.
“Onças-pintadas não veem humanos como presas. Esses incidentes são isolados e, muitas vezes, ocorrem por fatores como surpresa, proteção de filhotes ou estresse ambiental”, explicou bióloga do Instituto Homem Pantaneiro. Ela reforçou a importância de evitar retaliações: “Matar um animal assim é crime ambiental e desequilibra todo o ecossistema”.
O alerta ganhou força após rumores de que moradores estariam organizando caçadas à onça envolvida. A Polícia Militar Ambiental (PMA) e o Ibama reforçaram que perseguições ou mortes a espécies protegidas podem resultar em multas e prisão. “A prioridade é garantir a segurança da comunidade sem violência contra a fauna”, afirmou o capitão da PMA.
Coexistência no Pantanal: desafios e respeito
Para os pantaneiros, a relação com a natureza é parte da cultura local, mas a tragédia trouxe à tona dilemas cotidianos. “Vivemos entre animais há gerações, mas isso nos lembra que a natureza exige cautela”, disse Maria Fernandes, vizinha da região.
Jorge Avalo, conhecido por seu trabalho solitário como caseiro, teria circulado por áreas de mata próximas ao rio, onde onças são avistadas com frequência. Apesar do incidente, especialistas defendem que o medo não deve substituir o respeito: “É preciso evitar caminhadas isoladas ao amanhecer ou anoitecer, períodos de maior atividade desses felinos”, orientou a PMA.
Enquanto a onça não foi localizada, fiscais avaliam se o animal representa risco contínuo. Já a família de Jorge recebeu apoio de assistentes sociais e aguarda conclusão do laudo pericial.
O caso, ainda sob investigação, serve como reflexão sobre os limites da interação entre humanos e a vida selvagem em um dos biomas mais biodiversos do planeta.
CASO DA ONÇA - Durante as buscas do corpo de “Jorginho”, a ONÇA ATACA A EQUIPE DE RESGATE. Um dos homens que participava da ação foi atacado e teve o braço ferido pela onça, ela só recuou após tiros serem disparados. pic.twitter.com/PapFHxi0DH
— Sandy (@Sanmacedoo) April 22, 2025
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